Haiyan foi considerado um dos maiores furacões de sempre a atingir a terra. Filipinas tinham dito que medidas de prevenção evitariam catástrofe mas só na província de Leyte - a mais afectada - as autoridades assumem que balanço pode chegar aos 10 mil óbitos.
Primeiro as autoridades garantiram que, apesar do tufão Haiyan ser um dos maiores de sempre a atingir a terra, as medidas de prevenção evitariam as tragédias do passado. Depois veio um primeiro balanço tímido, de 100 mortos. Ao longo de sábado o número cresceu para os 1200, mas agora são os próprios governantes a dizer que o número de vítimas mortais poderá ser de dez mil apenas na província de Leyte.
O responsável pela polícia da cidade de Tacloban, capital da província de Leyte, Elmer Soria, citado pelo Guardian, disse que após uma reunião com o governador e com outros oficiais o número é muito pior do que se imaginava no sábado e que as estimativas são sobretudo para a cidade daquela ilha – faltando ainda muitas informações de zonas que permanecem incomunicáveis.
O mesmo número foi confirmado à Associated Press pelo governador Tecson Lim. Estima-se que 80% do território da cidade, situada a cerca de 600 quilómetros da capital Manila, esteja destruído. Na região há dezenas de pequenas aldeias completamente cortadas do mundo, onde ainda não é possível sequer fazer chegar ajuda ou avaliar o nível dos estragos.
Com ventos a atingir os 379 km/h e ondas de 15 metros, classificado na categoria cinco, a mais elevada na escala de Saffir-Simpson, o tufão não deixou praticamente nenhum edifício de pé. Nas zonas costeiras as casas afundaram-se. Está tudo inundado, as estradas ficaram destruídas, algumas pontes caíram, registaram-se muitos aluimentos de terras que terão soterrado muitas das pessoas dadas como desaparecidas. A electricidade e as comunicações continuam cortadas em muitos locais e as equipas de resgate tentam a todo o custo chegar a zonas mais isoladas. As organizações humanitárias preparam mantimentos.
Nações Unidas comparam Haiyan a tsunami de 2004
O próprio responsável das Nações Unidas pelo departamento que lida com as catástrofes naturais disse ao Guardian que o cenário da cidade de 220 mil habitantes apenas é comparável ao que se assistiu com o tsunami de 2004. “A última vez que vi algo desta escala foi depois do tsunami do Oceano Índico. Há carros que voaram como plantas e ruas com destroços por todos o lado”, descreveu Sebastian Rhodes Stampa.
Segundo a BBC o balanço terá também sido agravado depois de as autoridades se terem apercebido que as igrejas e estádios para onde tinham levado as pessoas por precaução também não resistiram à passagem do Haiyan.
Na ilha vizinha de Samar, diz a BBC, também já há balanços iniciais que apontam para pelo menos 300 mortos e 2000 desaparecidos. O Governo filipino oficialmente só confirmou 151 mortos em todo o país, apesar dos milhares de desaparecidos e de as próprias autoridades locais estarem a avançar com previsões bem mais negras.
Apesar disso, o ministro do Interior deslocou-se ainda no sábado a Tacloban e reconheceu não ter palavras para descrever o nível de devastação. “O cenário é realmente horrível. Todos os vestígios de vida moderna, da energia às telecomunicações, foram erradicados pelo tufão. Não temos por enquanto maneira de chegar às populações isoladas. Esperamos um número elevado de feridos e também de vítimas, é uma grande tragédia humana”, admitiu Mar Roxas.
Numa comunicação ao país, o Presidente das Filipinas, Benigno Aquino III (também conhecido como Noynoy), que na véspera tinha louvado a eficiência dos serviços de protecção civil na antecipação da tempestade, reconheceu que o número de mortos ficaria “substancialmente acima” da centena de vítimas que já tinha sido identificada.
Ajuda internacional
Perante a catástrofe, e um apelo de apoio por parte do Governo filipino, as ofertas de ajuda internacional começam a surgir. O próprio Pentágono já anunciou que vai disponibilizar meios aéreos e navais para as operações de resgate e para que os mantimentos cheguem mais rápido às zonas afectadas. Austrália e Nova Zelândia estão também entre os países que já ofereceram ajuda.
A Comissão Europeia, avançou a AFP, também anunciou o enviou de três milhões de euros para as Filipinas para ajudar nas recuperação e que deverão ser usados par “cobrir as necessidades mais urgentes das zonas mais afectadas”, lê-se num comunicado. Na mesma nota, as autoridades europeias dizem que se vão coordenar com os “parceiros humanitários” nas operações de apoio e que vão continuar a acompanhar de perto a situação.
O próprio Papa Francisco já se pronunciou sobre a "tragédia", apelando a que todos se concentrem em "providenciar ajudas concretas".
As organizações humanitárias tentam também chegar a Tacloban com ajuda médica e bens de primeira necessidade, por meio de aviões militares, já que o aeroporto da cidade está inoperacional depois dos danos causados pelo Haiyan.
O Haiyan é o 25.º tufão a atingir o país neste ano e dirige-se agora para o Vietname e para o Sul da China. A chegada ao Vietname está prevista para a manhã deste domingo e o tufão tem vindo a perder força. Falava-se que chegaria com um nível 3, mas é possível que baixe mesmo para nível 1. Mesmo assim, sobretudo nas zonas costeiras, as autoridades de protecção civil do Vietname activaram alguns planos de emergência e evacuaram as zonas de maior perigo. Segundo o El Mundo cerca de 600 mil pessoas terão sido retiradas das suas casas.
Esta região é frequentemente afectada por tempestades tropicais. Há um ano, o tufãoBopha deixou também um rasto de destruição nas Filipinas, fazendo pelo menos 1800 mortos e deixando também várias pessoas desaparecidas. Em Agosto de 2009, o tufãoMorakot matou 600 em Taiwan. Em Hong Kong as vítimas mortais são mais raras, com o último balanço mais trágico a remontar a 1971, quando 110 pessoas morreram com a passagem do tufão Rose.
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