quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Expansão rastejante: Emirados Econômicos Unidos


O crescimento econômico de Doha segue rumo proposto por sua arquitetura

Os países do Golfo Pérsico estão comprando sistematicamente ativos das maiores companhias ocidentais. Investidores de países árabes não apenas se aproveitam de conjuntura favorável, mas estão formando no território de outros Estados estruturas financeiro-produtivas estáveis. Suas ações já provocam preocupação na Europa. Alguns analistas e meios de comunicação social começaram a falar sobre uma expansão econômica planificada de países árabes para o Ocidente.

O jornal espanhol La Vanguardia intitulou um artigo, aparecido no final de outubro, de "Novo Império Árabe". Os dados colhidos pela edição são impressionantes. Assim, pertencem ao Qatar a torre Shard e o centro comercial mundial Harrods em Londres. Além disso, Doha controla o gigante noticioso francês Lagardière e a lendária marca americana de joalharia Tiffany, assim como as empresas alemãs Volkswagen-Porsche e Siemens.

Aos Emiratos Árabes Unidos pertencem 100% da companhia petrolífera espanhola Cepsa, eles são parceiros de tais companhias como a General Electric, a Airbus e a Boeing. O Koweit adquiriu a sede europeia do Bank of America, investe meios no maior projeto de construção civil Hudson Yards em Nova York. Além disso, estes países estão controlando praticamente todo o futebol mundial.

As autoridades dos países do Golfo Pérsico declaram ter competido duramente entre si. Quando, por exemplo, o Qatar anuncia um projeto grandioso, a Arabia Saudita deve responder com algo não menos grandioso, como é habitual no Oriente. Contudo, pelo visto, as autoridades estão fingindo à maneira oriental, porque, ultimamente, não se assiste nas suas ações a uma concorrência, mas a uma coordenação surpreendente (como durante os acontecimentos da Primavera Árabe).

Mas não se trata por enquanto de uma expansão, considera Vasili Kuznetsov, politólogo e professor da Universidade Estatal de Moscou Lomonossov:

"Há, naturalmente, ideias do crescimento da influência na economia e política internacional. A política dos países do Golfo Pérsico vem formando-se subjetivamente em muitos aspectos, o que provoca certos problemas. Nestas monarquias, a estratégia da política externa está sendo elaborada por um círculo muito restrito de pessoas detrás das portas fechadas, o que eleva a imprevisibilidade e alguns riscos políticos. Teoricamente, é possível falar da ideia do restabelecimento de uma unidade do mundo árabe, ideia que não se desenvolve pelas próprias elites políticas, mas por certos grupos."

Destaque-se que nem todas as pessoas partilham tal ponto de vista. Não se pode qualificar senão como expansão enormes investimentos financeiros dos países árabes em projetos de construção, industriais e bancários europeus e norte-americanos. Esta expansão é sobretudo evidente em dois setores: transportes aéreos e futebol.

Segundo aponta Olivia Orozco, economista e historiadora do Centro de Estudo do Mundo Árabe, o Golfo Pérsico se transforma num centro de baldeação, numa ponte entre a Europa, os Estados Unidos e a Ásia. Atualmente, Doha, Dubai e Abu Dhabi estão construindo terminais grandiosos, rodeados por centros comerciais e hotéis de luxo. O Qatar e os EAU desenvolvem intensamente comunicações aéreas, abrindo novas linhas nos EUA, na Ásia, na África e no Médio Oriente, considerados como as melhores no mundo.

Quanto ao futebol, basta referir um exemplo espanhol. Em resultado de uma ação publicitária bem ideada, no país estão interagindo com jeito dois instrumentos potentes de propaganda: as Linhas Aéreas Emirates financiam o clube Real Madrid e seu concorrente Qatar Airways, o Barcelona.

Resumindo, é evidente que Doha, Dubai e Abu Dhabi atuam em conformidade com um plano minuciosamente elaborado e coordenado. Por enquanto, se trata de formação de um campo de operações econômicas. Mas a futura expansão pode atingir aspectos políticos, considera Serguei Demidenko, perito orientalista:

"Atualmente, as elites financeiras do Golfo Pérsico fazem parte da elite mundial. Agora estes países não têm medo de repressões por parte do Ocidente, podendo desenvolver uma política independente. Não são párias, mas parceiros de direitos iguais de companhias ocidentais e do grande capital. Meios colossais são investidos na Europa. Levando em consideração a situação do Velho Mundo, é pouco provável que a Europa possa passar sem dinheiro árabe. Neste contexto, prognostico que haja uma expansão política e cultural."

O perito admite que organizações radicais na Europa sejam financiadas por círculos determinados dos países do Golfo Pérsico, que por enquanto procedem bastante cautelosamente.

Destaque-se contudo que o Qatar e a Arabia Saudita consideram que tenham uma "missão histórica" de propagar o "verdadeiro islã" – o waabismo e o salafismo. Senhores de Doha e de Dubai não são apenas empresários e negocistas, são também propagadores desta "vontade divina". Por isso, o assunto não pode ser terminado sem política misturada com religião.


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