Depois de semanas sob pesada pressão por causa da espionagem ilimitada contra todos e qualquer um, em qualquer ponto dos EUA e do mundo, os serviços de inteligência dos EUA convenientemente detectaram uma “ameaça” de futuros ataques indefinidos.[1] A ‘detecção’, como evidentemente a notícia também diz, só foi possível por causa da espionagem ilimitada contra todos, em todo o planeta:
“Os EUA interceptaram comunicações eletrônicas essa semana entre altos agentes operativos da Al-Qaeda, nas quais os terroristas discutiam ataques contra interesses dos EUA no Oriente Médio e Norte da África – informaram funcionários dos EUA, na 6ª-feira.
As mensagens interceptadas e uma análise subsequente feita por agências da inteligência dos EUA levaram o país a lançar um raro aviso de alerta global para viagens de cidadãos norte-americanos na 6ª-feira, em que se fala de possíveis ataques terroristas por operativos da Al-Qaeda e seus associados, a começarem no domingo e que se estenderão até o final de agosto."
Há apenas um mês, a conversa era que os “terroristas” estavam mudando seus sistemas de comunicaçãopor causa dos vazamentos de material da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA):
“Sabe-se que a Al-Qaeda e outros terroristas estão modificando seus métodos de comunicação à luz das revelações feitas pelo vazador Edward Snowden sobre o ‘programa de vigilância dos EUA na Agência de Segurança Nacional’.”
Funcionários dos EUA disseram que praticamente todas as organizações terroristas, entre as quais a Al-Qaeda, estavam mudando o modo de comunicar-se para impedir que os serviços de vigilância dos EUA as localizassem, depois que as revelações sobre os vazamentos surgiram na mídia.
Ben Venzke, da empresa privada de análise de informação IntelCenter, disse que os vazamentos distribuídos por Snowden serviram como alerta para extremistas e outros grupos hostis, que podem agora analisar seu modo de operar e melhorar a própria segurança.
Não parece meio esquisito, que apenas um mês depois de os terroristas terem recebido o tal “alerta” e “melhorado sua comunicação”... a mesma inteligência dos EUA consiga tão facilmente interceptar novas mensagens dos mesmos terroristas... que teriam “melhorado a própria segurança”?
E que diabo de “terroristas” seriam esses, cuja “ameaça” tem prazo marcado para acabar (exatamente dia 31 de agosto)?
Até alguns dos “analistas e funcionários do Congresso” citados num curto parágrafo no próprio New York Times acharam a coisa toda meio suspeita:
“Analistas e funcionários do Congresso sugeriram, na 6ª-feira, que falar de ameaça terrorista justamente agora seria bom modo de distrair a atenção dos cidadãos e fazê-los esquecer da indignação contra os programas de espionagem e coleta de dados da Agência de Segurança Nacional...”
Mas... Será mesmo?! Não me diga! Seráááá?!
Mas o parágrafo prossegue:
“... e se, além do mais, as interceptações conseguirem descobrir algum complô verdadeiro, melhor ainda.”[2]Quer dizer: seria melhor ainda se agora, que o alerta já foi dado, alguma coisa acontecer mesmo, em alguma embaixada dos EUA no Oriente Médio. Assim se justifica(ria) o alerta e também, claro, a espionagem ilimitada contra todos, praticada pela Agência de Segurança Nacional... que terá tornado possível, afinal, um alerta... verdadeiro.
Hmmmm... E quanto custaria, digamos, no Iêmen, comprar uma dupla de motoqueiros mascarados para darem uns tiros contra guardas, lá, de alguma embaixada?
Que conveniente, não? Depois de obter um chute suave na bunda pelo Congresso esta semana, o NSA teve que responder e mostrar sua indispensabilidade. Qual a melhor maneira de convencer os americanos a continuar dando a sua privacidade do que para descobrir uma conspiração terrorista estrangeira? ("Nós devemos espionar você para protegê-lo contra eles!")
E, se isso não funcionar, podemos esperar algo espetacular mais à frente...
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