quarta-feira, 31 de julho de 2013

Fukushima: o problema da água


Ninguém fala do assunto: mas Fukushima está lá, com os seus reactores destruídos e a radiação disseminada pelo ambiente.

Os operadores continuam a luta para conter o vaziamento de água radioactiva, o que mais preocupa. Perdas que trouxeram o temor de que a central poderia até mesmo colapsar durante o processo de limpeza, que irá demorar anos.

No passado mês de Maio, a NbcNews enviou dois jornalistas para tentar perceber qual a situação. Uma situação que tem atraído também a atenção da Agência Internacional de Energia Atómica, a qual enviou uma equipa de especialistas para redigir um relatório. E os especialistas alertaram: o Japão pode precisar até de mais tempo para a limpeza, mais do que os 40 estimados.

Infelizmente, pouca possibilidade foi dada aos jornalistas de espreitar no interior do complexo de Fukushima-Daichi. E as preocupações crescem. 

A descoberta do peixe greenling numa bacia de água perto da central, peixe, com cerca de 7.400 vezes o limite radioactivo de césio considerado seguro, não fez que aumentar a tensão. O que contrasta com as notícias da Organização Mundial de Saúde, segundo a qual o que se passou em Fukushima não criou "notáveis aumentos no risco para a saúde" fora do Japão e que "nenhum observável aumento de câncer além da variação natural" foi encontrado e várias áreas do Japão.

Mas nas zonas afectadas, o relatório da OMS prevê uma subida do risco de vários tipos de câncer. Por exemplo, os bebes de sexo masculino podem contrair leucemia ao longo da vida (mais 7% de possibilidade) enquanto nas meninas haverá + 6% de ficar vítimas de câncer de mama.

O perito nuclear independente John Large, que forneceu evidências do desastre de Fukushima no Parlamento britânico e tem produzido vários relatórios acerca do desastre, afirma que no complexo de Fukushima há centenas de toneladas de material "intensamente radioactivos". Normalmente é possível enviar máquinas telecomandadas para remover os escombros perigosos, isso de forma relativamente fácil: mas em Fukushima isso tornou-se muito difícil devido aos danos causados ​​pelo tsunami.

Mas o que mais preocupa Large , mais uma vez, é a água: a prioridade é evitar que as água contaminada saiam do perímetro da central:ra

Até parar a passagem, não é possível conter a radioactividade. Isso vai continuar por anos e anos, antes de ser contido. As estruturas de contenção começaram a quebrar. Estruturas artificiais não duram muito tempo, quando colocadas em condições adversas.Large ainda acrescentou outro aspecto:

Isso pode ter um efeito significativo sobre a saúde das futuras gerações no Japão. O que isso vai criar é uma Geração Fukushima. 


Dito de outra forma: tal como aconteceu em Hiroshima e Nagasaki após as primeiras bombas atómicas.

Além disso, os riscos ligados às perdas de água não ficam limitadas ao mar: as partículas radioactivas acabarão nas praias, secarão ao sol e serão levadas pelo vento.

Quanta água radioactiva existe em Fukushima?
De acordo com os operadores da central, são armazenadas nos tanques 280.000 toneladas de água contaminada e um fluxo constante de água subterrânea entra na base dos edifícios danificados, de forma que a central produz diariamente cerca de 400 toneladas de água radioactiva.

Hisayo Takada, activista de Greenpeace no Japão:
as pessoas encontrarão dificuldade para formar uma famílias, em particular as meninas vão enquanto "estigmatizadas" pelo facto de ter vivido num ambiente radioactivo.

A questão da água contaminada é muito grave e estamos muito preocupados e também muito zangados, porque passaram dois anos e dizem que não há nenhum perigo.O criador Masami Yoshizawa vive na área de Namie, que na época estava na zona de evacuação obrigatória, mas agora é um dos lugares onde as pessoas foram autorizadas a voltar. Tem 350 vacas, como "um símbolo vivo de protesto":

Para nós, criadores e agricultores, é impossível retornar ao trabalho em Namie. A nossa comunidade vai desaparecer. Ficará como Chernobyl. Só os velhos afirmam não importar-se da radioactividade, vão voltar, mas as crianças nunca mais voltarão.
Ipse dixit.

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