sexta-feira, 5 de julho de 2013

Caso Evo Morales/Edward Snowden: 25 verdades

O servilismo incondicional do governo português perante os EUA



O caso Edward Snowden esteve na origem de um grave incidente diplomático entre a Bolívia e vários países europeus. Após uma ordem de Washington, França, Itália, Espanha e Portugal proibiram que o avião presidencial de Evo Morales sobrevoasse seus territórios. 

1. Após uma viagem oficial à Rússia para assistir a uma cimeira de países produtores de gás, o Presidente Evo Morales tomou o seu avião para regressar à Bolívia. 

2. Os Estados Unidos, a pensar que Edward Snowden – ex-agente da CIA e da NSA autor das revelações sobre as operações de espionagem do seu país – se encontrava no avião presidencial ordenou a quatro países europeus (França, Itália, Espanha e Portugal) que proibissem o sobrevoo do mesmo nos seus respectivos espaços aéreos. 

3. Paris cumpriu imediatamente a ordem procedente de Washington e cancelou a autorização de sobrevoo do seu território que havia concedido à Bolívia em 27 de Julho de 2013, quando o avião presidencial se encontrava a apenas alguns quilómetros das fronteiras francesas. 

4. Assim, Paris pôs em perigo a vida do Presidente boliviano, o qual teve efectuar aterragem de emergência na Áustria por falta de combustível. 

5. Desde 1945, nenhuma nação do mundo impediu um avião presidencial de sobrevoar o seu território. 

6. Paris, além de desencadear uma crise de extrema gravidade, violou o direito internacional e a imunidade diplomática absoluta de que goza todo Chefe de Estado. 

7. O governo socialista de François Hollande atentou gravemente contra o prestígio da nação. A França surge perante os olhos do mundo como um país servil e dócil que não vacila um só instante em obedecer às ordens de Washington, contra os seus próprios interesses. 

8. Ao tomar semelhante decisão, Hollande desprestigiou a voz da França na cena internacional. 

9. Paris tornou-se também objecto de riso no mundo inteiro. As revelações feitas por Edward Snowden permitiram descobrir que os Estados Unidos espionavam vários países da União Europeia, dentre os quais a França. Após estas revelações, François Hollande pediu pública e firmemente a Washington que parasse estes actos hostis. Não obstante, no seu âmago, o Palácio do Eliseu segue fielmente as ordens da Casa Branca. 

10. Depois de descobrir que se tratava de uma informação falsa e que Snowden não se encontrava no avião, Paris decidiu anular a proibição. 

11. Itália, Espanha e Portugal também cumpriram as ordens de Washington e proibiram a Evo Morales o sobrevoo dos seus territórios, até mudarem de opinião depois de saberem que a informação não era verídica e permitirem ao Presidente boliviano continuar a sua rota. 

12. Antes disso, a Espanha até exigiu revistar o avião presidencial em violação de todas as normas legais internacionais. "Isto é uma chantagem, não o vamos permitir por uma questão de dignidade. Vamos esperar todo o tempo necessário", respondeu a Presidência boliviana. "Não sou um criminoso", declarou Evo Morales. 

13. A Bolívia denunciou um atentado contra a sua soberania e contra a imunidade do seu presidente. "Trata-se de uma instrução do governo dos Estados Unidos", segundo La Paz. 

14. A América Latina condenou unanimemente a atitude da França, Espanha, Itália e Portugal. 

15. A União de Nações Sul Americanas (UNASUL) convocou com urgência uma reunião extraordinária após este escândalo internacional e exprimiu sua "indignação" pela voz do seu secretário-geral Ali Rodríguez. 

16. A Venezuela e o Equador condenaram "a ofensa" e "o atentado" contra o Presidente Evo Morales. 

17. O Presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, condenou "uma agressão grosseira, brutal, inadequada e não civilizada". 

18. O Presidente equatoriano Rafael Correa exprimiu sua indignação: "Nossa América não pode tolerar tanto abuso!" 

19. A Nicarágua denunciou o caso como "acção criminosa e bárbara". 

20. Havana fustigou o "acto inadmissível, infundado e arbitrário que ofende toda a América Latina e o Caribe". 

21. A Presidente argentina Cristina Fernández exprimiu a sua consternação: "Definitivamente estão todos loucos. Chefe de Estado e seu avião têm imunidade total. Não pode ser este grau de impunidade". 

22. Mediante a voz do seu secretário-geral José Miguel Insulza, a Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou a decisão dos países europeus. "Não existe circunstância alguma para cometer tais acções em prejuízo do Presidente da Bolívia. Os países envolvidos devem dar uma explicação das razões pelas quais tomaram esta decisão, particularmente porque ela pôs em risco a vida do primeiro mandatário de um País Membro da OEA". 

23. A Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América (ALBA) denunciou "uma flagrante discriminação e ameaça à imunidade diplomática de um Chefe de Estado". 

24. Em vez de conceder o asilo político à pessoa que lhe permitiu descobrir que era vítima de espionagem hostil, a Europa, particularmente a França, não vacila em criar uma grave crise diplomática com o objectivo de entregar Edward Snowden aos Estados Unidos. 

25. Este caso ilustra que se a União Europeia é uma potência económica, é uma anã política e diplomática incapaz de adoptar uma postura independente para com os Estados Unidos. 


por Salim Lamrani Doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade de Paris Sorbonne-Paris IV, professor titular da Universidade de La Reunión e jornalista, especialista na relações entre Cuba e Estados Unidos.



EUA atiram responsabilidades sobre voo de Morales para Portugal, Espanha, França e Itália.
http://www.publico.pt/mundo/noticia/eua-atiram-responsabilidades-sobre-voo-de-morales-para-portugal-espanha-franca-e-italia-1599224 


Direito Internacional? 


Ainda sobre vôos da CIA em Portugal:

Prisioneiros para Guantânamo
A organização de direitos humanos britânica Reprieve garante que mais de 700 prisioneiros foram ilegalmente transportados para a base norte-americana de Guantánamo "com a ajuda de Portugal" e que pelo menos 94 voos passaram por território português, entre 2002 e 2006.


A Reprieve, organização não-governamental de beneficência criada por advogados, em 1999, com o objectivo de prestar representação legal a prisioneiros que enfrentam a pena de morte, sobretudo nos Estados Unidos, divulgou um relatório que, nas suas palavras, "demonstra inequivocamente que 728 de 774 prisioneiros de Guantánamo foram transportados através de jurisdição portuguesa". 

Lusa
29/01/2008

O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) vai analisar o relatório internacional sobre a suspeita de violação de normas nacionais e internacionais contra a tortura nas passagens de aviões da CIA em 54 países, incluindo Portugal.
"O DCIAP vai analisar o relatório em vista a apurar se do mesmo resulta matéria nova ou se o seu teor foi já contemplado na investigação, após o que decidirá", refere nota em resposta a pergunta da agência Lusa.

Refere também que, entre 2001 e 2006, foram identificadas "pelo menos 115 paragens suspeitas de aviões associados com a CIA", em território português, violando normas nacionais e internacionais contra a tortura.



"Portugal autorizou a utilização do seu espaço aéreo e dos seus aeroportos em voos da CIA", que supostamente transportavam prisioneiros, aponta o relatório, que elenca a mais completa lista dos países que ajudaram os EUA a transportar suspeitos de terrorismo após os ataques de 11 de Setembro de 2001, para serem interrogados e torturados.

Até hoje, "não se sabe nada" sobre estes voos da CIA 

http://www.publico.pt/mundo/noticia/voos-da-cia-portugal-ajudou-a-transferir-mais-de-700-prisioneiros-para-guantanamo-1318007 

fonte :http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=67770

1 comentário:

  1. Engraçado que todos os países que recusaram que o aviao aterrasse estiveram todos ou quase todos representados na reuniao dos Bilderberg.

    Preocupante é o facto de todos eles cumprirem ordens de um país que nao foi denominado por ninguem como lider de coisa nenhuma, no entanto, será talvez a entidade invisivel que comanda tudo, talvez o centro de toda a orquestraçao para uma nova ordem mundial.

    Estranho é, no minimo, nenhum destes países se questionar sobre o porquê de quererem silenciar Snowden a todo o custo, provavelmente ele terá informações que podem comprometer a supremacia dos E.U.A ou a visão que o mundo tem sobre a" terra das oportunidades".

    ResponderEliminar

Qualquer mensagem inapropriada não será considerada.