Gyorgy Matolcsy, governador do Magyar Nemzeti Bank, o banco central da Hungria, escreveu hoje uma carta à diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, solicitando o fecho do escritório do Fundo em Budapeste. O banqueiro central alegou que não é necessário manter a presença do FMI no país. Matolcsy era o anterior ministro da Economia do governo chefiado por Viktor Orbán.
A Hungria, durante a crise de 2008, contraiu em novembro um empréstimo junto do FMI, da União Europeia e do Banco Mundial num total de 20 mil milhões de euros, na vigência do anterior governo. Orbán formou governo em 2010. Naquele montante, a linha de empréstimo por parte do FMI foi de 15,7 mil milhões de dólares (cerca de 12,4 mil milhões de euros ao câmbio da altura).
O atual governo declara que reembolsará o FMI do que lhe deve até final do ano. A Hungria tem três pagamentos para realizar ao Fundo, segundo as contas que apresentou: duas tranches de 913 milhões de euros no terceito e quarto trimestre deste ano e uma última de 299 milhões no primeiro trimestre de 2014. O país pretende antecipar esse pagamento de 2014.
Em resposta à Reuters, o FMI respondeu que não substituirá a sua representante Iryna Ivaschenko, quando esta terminar em agosto a estadia.
No final de 2011, o então ministro da Economia Matolcsy iniciou negociações com o FMI para a obtenção de uma linha "cautelar", que nunca se concretizou. Em fevereiro de 2013, o Tesouro húngaro regressou aos mercados da dívida, pela primeira vez desde há dois anos, com uma emissão de obrigações em dólares num montante de 3,25 mil milhões.
A evolução das yields da dívida a dez anos nos últimos doze meses apresenta uma trajetória descendente, ainda que com oscilações, desde um máximo de 7,76% em julho de 2012 para um mínimo de 5% em maio de 2013. No presente mês tem variado entre 5,5% e 6%.
O atual governo húngaro tem sido acusado pelo Parlamento Europeu e pela Comissão Europeia de "comportamentos anti-democráticos", desde que Viktor Orbán entrou em funções. Em 2014 ocorrerão eleições legislativas. Segundo o "Budapost", esta decisão do governo tem um duplo objetivo: influenciar os mercados da dívida no sentido de uma descida das yields dos títulos e marcar pontos na próxima campanha eleitoral.
FICHA DE DADOS
# PIB (2012): 97,8 mil milhões de euros (59% do PIB português)
# Dívida soberana (2012): 76,6 mil milhões de euros, equivalente a 79,2% do PIB (no caso português o rácio era de 123,6%)
# Défice (2012): 1,9% do PIB (no caso português era de 6,4%)
# Desemprego (maio 2012): 10,5% (17,6% em Portugal)
# Yields da dívida soberana a 10 anos no mercado secundário (15/7/2013): 5,72% (yields das obrigações do Tesouro português em 7,21%)
# Risco de incumprimento da dívida (15/7/2013): 18,7% (37,56% para Portugal)
# Notação de crédito: em níveis de dívida especulativa (vulgo "lixo financeiro") pelas três agências Moody's, S&P e Fitch (notações idênticas à portuguesa por parte da S&P e da Fitch e ligeiramente melhor pela Moody's)
# Moeda: florim (€1=292,5 florins)
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