Grupos rebeldes sírios usaram armas químicas durante o atual conflito contra as tropas do regime do ditador Bashar Assad, afirmou a magistrada suíça Carla del Ponte, membro da comissão especial criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) para investigar as violações de direitos humanos cometidas na Síria.
"Dispomos de testemunhos sobre a utilização de armas químicas, em particular do gás sarin. Não por parte do regime sírio, mas dos opositores", disse Del Ponte em entrevista a uma rádio suíça, na madrugada desta segunda-feira.
A ex-procuradora-geral da Suíça, que atuou no Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia, disse, no entanto, que "as investigações ainda estão longe de serem concluídas", e que ainda será esclarecido se o regime de Assad também utilizou ou não armas químicas.
A acusação foi negada por um grupo rebelde, o Exército Livre Sírio, uma das maiores forças contrárias ao regime de Assad. O porta-voz da entidade, Qasem Saadedin, disse que os comentários são meras especulações.
O representante rebelde afirmou que ela não tem provas e disse que a ONU não pode comprovar o uso por não ter conseguido entrar na Síria. Os inspetores da organização ainda não conseguiram permissão do governo para entrar no país.
Para ele, os únicos capazes de controlar as armas são o regime sírio e milícias do grupo radical libanês Hizbollah. A declaração, no entanto, não contempla outros grupos rebeldes sírios, incluindo a Frente al Nusra, vinculada à Al Qaeda.
O sarin é um potente gás neurotóxico, considerado uma arma de destruição em massa desde 1991 pela ONU. Absorvido pela respiração ou em contato com pele e mucosas, ele entra na corrente sanguínea causando desmaios, convulsões e o bloqueio da transmissão de impulsos nervosos, levando à morte por parada cardiorrespiratória.
ARMAS QUÍMICAS
O embaixador da Síria na ONU, Bashar Jaafari, disse na última terça-feira (30) que o regime de Assad é vítima de uma "estratégia internacional coordenada" para acusar o país de usar armas químicas para reprimir os rebeldes.
Nas últimas semanas, Estados Unidos, Israel e Reino Unido disseram ter provas da probabilidade do uso de gás sarin em pequenas quantidades nos combates por parte do regime. O uso das armas foi a condição imposta pelo presidente americano, Barack Obama, para fazer uma intervenção militar.
O representante sírio havia afirmado que terroristas lançaram um pó contra civis na cidade de Salaqeb, no norte do país. As vítimas do suposto ataque foram tratadas na Turquia o que, segundo ele, "faz parte de um cenário para incriminar o Exército sírio".
"Essa estratégia busca envolver o governo sírio sobre uma base falsa e desviar a atenção das acusações de Damasco contra a oposição", disse Jaafari.
No mesmo dia, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que ainda tem dúvidas sobre o uso de armas químicas na Síria. Para ele, as provas apresentadas pela inteligência americana ainda são insuficientes para optar por uma intervenção militar.
Em entrevista coletiva, ele afirmou que as informações divulgadas pelo o secretário de Defesa, Chuck Hagel, ainda são preliminares e que ainda faltam dados sobre em que circunstâncias as armas foram aplicadas.
Obama diz que é preciso de informações precisas e comprovadas sobre o ataque para definir qualquer ação contra o regime sírio, principalmente em caso de intervenção militar, e voltou a dizer que as armas químicas mudaria o cenário da guerra civil.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
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