quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Tablighi Jamaat – O perigo do Islão fundamentalista em Cabo Verde



A presente análise insere se sobre o islão em Cabo Verde e a constante presença do movimento missionário islâmico Tablighi Jamaat em Cabo Verde. 

Cabo Verde que é um país cristão, em que não tinha vestígio de islamismo, a qual agora o islão vem marcando território nesta sociedade, entretanto foi um pouco difícil encontrar dados sobre esse movimento devido ao seu afastamento que mantém da média. 

Irei aqui ilustrar o perigo com que esse movimento representa para Cabo Verde, não pela razão da religião islâmica mas sim pelo facto desse movimento estar constantemente ligado a várias organizações terroristas, ou se fazem cair suspeita sobre esta pela comunidade internacional. Também o facto de cabo verde ser um país cristã, e com uma ligação estreita com a Europa e América, o que pode se dizer que a verdadeira intenção desse grupo seja outra e não propriamente a pregação e propagação do islamismo, no único país da África ocidental que ate agora o islão era praticamente inexistente. 

Religião muçulmana

A religião muçulmana tem crescido nos últimos anos, actualmente é a segunda maior do mundo e está presente em todos os continentes. Porém, a maior parte dos seguidores do islamismo encontra-se nos países árabes do Oriente Médio e do norte da África. A religião
muçulmana é monoteísta, ou seja, tem apenas um Deus: Alá. Criada pelo profeta Maomé, a doutrina muçulmana encontra-se no livro sagrado, o Alcorão ou Corão. Foi fundada na região da actual Arábia Saudita.

O islão surgiu no actual território de arábia saudita, em 622, ano de Hégira (do árabe Hijira), quando Maomé viajava de Meca para Medina.

Tablighi Jamaat

Tablighi Jamaat é um movimento religioso que foi fundado em 1920 na Índia. Esse é um movimento islâmico missionário onde encorajam os seus simpatizantes a convidar outras pessoas, principalmente muçulmanos nominais, a voltar à adesão fiel aos princípios e ensinamentos islâmicos. O movimento Tablighi Jamaat promove a reforma espiritual, 2trabalhando ao nível das bases estendendo mão para os muçulmanos em todos os aspectos
sócias e económicos de forma a aproxima-los do islão. O tablighi jamaat surgiu em resposta ao movimento de reforma hindu, que foram considerados uma ameaça para os muçulmanos vulneráveis e não praticantes. Apesar de o seu surgimento ter acontecido na Índia para defender e promover os interesses do islão no norte da índia, actualmente tablighi jamaat encontra-se em mais de 150 países.

Objectivo

O objectivo de tablighi jamaat era expor um movimento islâmico que exemplificaria o alcorão. Para Sean O´niel,editor de Times Crime and Segurity, tablighi jamaat é uma seita ultraortodoxo que prega que os muçulmanos devem replicar a vida de Maomé, e que constituem seus deveres, viajar o mundo e converter os não crentes. Os primórdios do tabligh jamaat era estabelecerem uma rede de mesquita baseados em escola religiosa para educar muçulmanos. objectivo deste movimento é renovar a sociedade muçulmana, unindo-os a abraçar o estilo de vida de Maomé. 


Os seis pilares do Tablighi Jamaat

Alexiev, Alex (Winter 2005) expos os 6 princípios que rege o Tablighi jamaat e que permite difundir as suas ideias com base no alcorão, são:

  • 1. Kalmah, em que não há nenhum Deus além de Alá e do profeta Maomé seu mensageiro;
  • 2. Salah, as cinco orações diárias que são essências para a elevação espiritual, a piedade, e uma vida livre dos males do mundo material;
  • 3. IIm e Zike,”o conhecimento e a recordação de Deus realizado em sessão em que a congregação ouve a pregação pelo Emir, realiza oração, recita o Corão. A congregação também vai usar essas sessões para fazer as refeições juntas, promovendo assim um Senso de comunidade e de identidade “;
  • 4. Ikraam-e-muçulmano: “O tratamento de muçulmanos com honra e deferência”;
  • 5. Tas'hih-i-Niyyat: “Reformar a vida em súplica a Deus, através da realização de toda acção humana para o bem de Deus e em direcção à meta de auto-transformação”;
  • 6. Tableegh Dawt'o, (Dawah): “O poupador de tempo para viver uma vida baseada na fé e na aprendizagem das suas virtudes, seguindo os passos do profeta Maomé, e tendo Sua mensagem porta-a-porta por causa da fé”.

Ideologia de base do tablighi jamaat

Após a morte do profeta Maomé, a comunidade islâmica entrou numa guerra civil que deu origem a 3 grupos. Um das fações que surgiu desses conflitos foram os Sunitas, eles tomam como seguidores da suna (pratica) do Maomé. Os sunitas baseiam a sua religião no alcorão e na suna.

O sunismo preocupa com unidade comunitária e respeita as ordens estabelecidas, são gentes do livro e das tradições do reagrupamento e do hadith, (Almeida e Silva, 2010). O sunismo reivindica uma conciliação entre o alcorão, as tradições do profeta Maomé e o consenso unânime da comunidade (Miquel, 1971:67) “sociedade e cultura islâmica, Teresa Almeida e Silva”. 

Os valores mais elevados dos sunitas são, manter a unidade transnacional da Umma, o que coincide com o objecto da fundação do Tablighi jamaat que é reafirmar a identidade muçulmana e convidando aos muçulmanos nominais a viverem de acordo com o alcorão e com os caminhos percorridos pelo profeta Maomé, de modo a que eles não se desviassem do caminho de um muçulmano. Tablighi jamaat tem o islamismo sunita como fundamento ideológico do qual nenhum elemento do tablighi jamaat deve se afastar. 

Tablighi jamaat encoraja todos os muçulmanos a cumprir as exigências islâmicas do Dawah, mesmo se a pessoa não está no intelecto religioso. O Dawah significa “chamada” e conota com um convite de agir. No âmbito religioso, implica a uma chamada para as orações islâmica, ou “missão” usado em referências a profetas religiosos e pessoas que foram atribuídos tais missões. 

O tablighi jamaat interpreta o Dawah como um comandando o bem e proibindo o mal de definir o seu objectivo no âmbito de dois versículos do alcorão:

  • 1) Quem é melhor no discurso do que aquele que chama (homens) para Alá, funciona a justiça, e diz: "Eu sou daqueles que se curvam no Islão"? Um-Qur ', sura 41 (Fussilat), versículo 33
  • 2) Hajasurgem de uma banda de convidar as pessoas para tudo que é bom, comandando o que é certo, e proibindo o que está errado: Eles são os únicos a atingir a felicidade.Um-Qur '3 sura (Al-i-Imran), versículo 104

Para Tablighi Jamaat todos os muçulmanos devem adoptar o estilo de vida islâmico, tomando como referência o Maomé e a sua perfeição como exemplo. Eles convidam os muçulmanos a passar o tempo fora da sua rotina diária nas actividades do Tablighi para que o resto da rotina poderia ser harmonizado com estilo de vida tablighi, para eles a melhor forma de aprender é ensinar e incentivar os outros. 

Estrutura organizacional

A estrutura organizacional deste movimento é informal e tem um perfil institucional introvertido. O tablighi jamaat afasta sempre da média e evita publicar qualquer detalhe das suas actividades e dos seus membros. Mantém se sempre afastado da política e nunca comentam as actividades políticas. Desde sempre o Tablighi jamaat considerou-se como um movimento apolítico. 

O Tablighi Jamaat é um movimento que não busca financiamento fora do seio do grupo, ou seja, as suas actividades são financiadas pelo próprio grupo através dos membros seniores. A sua sede internacional (Nizamuddin Markaz) situa-se na Índia no ocidente Nizamuddin no distrito sul de Delhi. Além da sua sede internacional dispõe ainda de sede em 213 países para coordenar as suas actividades, e organizar os voluntários para missões de pregações com o auto financiamento desses próprios voluntários a fim de lembrar os irmãos muçulmanos a permanecerem firmes no caminho de Deus.

Tablighi Jamaat é um grupo activista muçulmano com o fim de recrutar novos crentes para o islão. O activismo desse grupo é caracterizado por um dos seus princípios, Tafrigh-i-Dawt´o (poupadores de tempo), que justifica a sua retirada do mundo para viajar e fazer a pregação pelo mundo. As viagens tornaram-se numa das características mais emblemáticas da organização, e num método mais eficaz na reforma pessoal. 

Eles explicam isso através da parábola Doca Seca “O homem é um navio em apuros no mar agitado. É impossível repará-lo sem tirá-la do alto mar onde as ondas da ignorância e as tentações da vida temporal assaltamlhe. Sua única hipótese é voltar à terra para ser concertado. A doca seca é a mesquita do Jamaat”. Eles descrevem a finalidade desse retiro para corrigir os danos causados pela indulgência do mundo. s actividades do tablighi jamaat centra-se em dois paradigmas: 

  • 1º Nokhuruj- o proselitismo, que é um processo que se traduz no empenho de converter ou pelo menos tentar, através do activismo trazer ao islão novos crentes, e isso faz com que esse movimento islâmico incentive os seus seguidores cumprir certos padrões como a de viajar para pregar o islão e fazer com que os muçulmanos sigam o caminho do Profeta. A filosofia do movimento é que os seus seguidores gastam pelo menos “uma noite por semana, um fim-desemana por mês, 40 dias contínuos de um ano, e finalmente em 120 dias pelo menos uma vez em suas vidas envolvidos em missões Tabligh". E durante essas viagens esses ativistas são vistos vestidos de branco, carregando sacos de dormir em suas costas, eles normalmente pernoitam nas mesquitas, isto de acordo com Metcalf (1996). É importante referir aqui que só os activistas do sexo masculino são incentivados a fazer essas viagens de pregação do islão, uma vez que as mulheres podem fazer parte dos jamaat´s, desde que sejam acompanhadas de um parente próximo de sexo masculino nas suas viagens de pregação, respeitando as regras da hijad cobrindo seus rostos e suas mãos. O tablighi jamaat tende a esbater a fronteira do papel dos géneros e dos sexos, partilhando uma postura de igualdade, compartilhando responsabilidade de modo a que os homens podem lavar e cozinhar e bem como as mulheres podem assumir a responsabilidade masculina de sustentar a família.
  • 2º O Ijtema que consiste num encontro anual dos seguidores jamaat´s, é convocado nas sedes dos respectivos países. Esse encontro termina ao terceiro dia com um longa oração, os jamaat´s acreditam que esses encontros são momentos de bênção intensos, a qual ninguém quer prescindir desse momento, o que leva que esses encontros sejam sempre marcados pelos avolumados números de pessoas que nela participam. 
Fundamentalismo sunita na base do tablighi jamaat

Embora o movimento tenha declarado através do seu afastamento da média desde os tempos primórdios da sua existência, e do seu consenso pelo não comentário das políticas públicas internacionais, e de ser apolítica, a comunidade internacional tem vindo a fazer cair suspeitas sobre o movimento de ser um ponto de partida para o terrorismo. Isso leva-nos a entender que o movimento tablighi jamaat é um movimento fundamentalista islâmico, e se formos analisar as suas ideologias com certeza poderemos os enquadrar no conjunto dos movimentos fundamentalistas.

Ora de acordo com Almeida e Silva (2010: 238) o fundamentalismo religioso tem sido o meio para a progressiva mudança social, para a melhoria do bem-estar social dos membros mais pobres da sociedade e para incremento da participação política por parte das massas. 

Visto isto e analisando a ideologias desse movimento uma vez que este promove a reforma espiritual, trabalhando ao nível das bases estendendo mão para os muçulmanos em todo os aspectos sociais e económicos de forma a aproxima-los do islão, expondo um movimento islâmico que exemplificaria o alcorão, defendendo que os muçulmanos deveriam replicar a vida do profeta Maomé, entendemos que esse movimento seja fundamentalista, embora não seja radical uma vez que não tentam impor a todo custo o islão, mas sim convencer aos muçulmanos a adoptarem o estilo de vida do Profeta, e islamizar o mundo com base no alcorão e através de um meio passivo. 

É o que Ferdows e Weber (1992:181) asseveram que todos os “movimentos islâmicos procuram uma reforma compreensiva, isto é, Procuram mudar todos os aspectos da vida, fazendo da fé o ponto central. Consideram que o que é importante não são novas interpretações de velhos princípios, mas antes uma estrita aderência àquilo que foi revelado como sendo o verdadeiro caminho”.

Contudo, falando sobre o fundamentalismo desse grupo, uma vez que a base do seu fundamento seja sunita, talvez seja correcto falar um pouco desse ramo do islão, o fundamentalismo sunita. Como no inicio foi abordado, os sunitas baseiam o seu fundamentalismo religioso no alcorão e na suna, o caminho percorrido pelo profeta. Ela preocupa com a unidade da Umma. A sua teologia e a sua ideologia política traduzem desconfiança (Almeida e Silva, 2010:111) relativamente ao excesso dos extremistas de todas as tendências.

O sunismo é a ramificação mais representativa do islão, sendo que 85% dos muçulmanos pertencem a essa ramificação, que surgiu 30 anos após a morte do profeta Maomé com a guerra civil que assombrou a comunidade islâmica e que deu a origem a 3 facções, o sunismo, Shiismo e o Kharijismo. O sunismo é baseado no alcorão e na suna sendo que reivindica a conciliação entre o alcorão e a tradição do profeta Maomé. 

Um dos mais elevados valores dos sunitas é manter a unidade transnacional da Umma, e é isso que o tablighi jamaat tenta promover através das suas acções missionárias, tentando manter a comunidade islâmica, promovendo assim que os muçulmanos não afastam do mundo e dos princípios islâmico. 

Desconfiança sobre o Movimento Islâmico 

O distanciamento que o movimento mantém da política, mesmo se declarando apolítica, tem trazido suspeita de que este movimento islâmico está de uma ou de outra forma ligado ao terrorismo, uma vez que o tablighi jamaat sempre adoptou uma posição extrema do sunismo, o outro ponto que leva a comunidade internacional a levantar suspeita sobre o movimento islâmico, e o sigilo absoluto com qual opera sobre o funcionamento interno do grupo, pois não detém os registos oficiais de seus membros e nem livros de finanças com minutas e actas de tomada de decisões pelos seus membros e lideres, (Howenstein, 2006), o que levanta suspeita da comunidade internacional de que o movimento mantém contactos com organizações terroristas, nomeadamente os de carácter fundamentalista e radicalistas islâmico. 

Para a maioria dos jovens extremistas muçulmanos consideram que ao ingressarem no Tablighi Jamaat, este seria o primeiro passo para o extremismo. Segundo um artigo publicado pelo jornal francês, (Le Monde (Paris), 25 de Janeiro de 2002), 80 % dos extremistas islâmicos na França vêm de fileiras Tablighi, o que levou oficiais da inteligência francesa a chamar Tablighi Jamaat de "antecâmara do fundamentalismo”. Também recai suspeita sobre este de que mantém ligação com a Al Qaeda, que este o usou para recrutamentos de novos militantes. Uma vez que o método de recrutamento dos novos Jamaat é análogo ao dos jihaditas, vem chamando atenções dos agentes da secreta Americana (CIA) e da Inglaterra (MI5). 

Tablighi Jamaat tem sido directamente envolvido no patrocínio de grupos terroristas. Observadores paquistaneses e indianos acreditam, por exemplo, que Tablighi Jamaat foi fundamental na fundação Harakatul-Mujahideen. Fundada em Raiwind, em 1980, quase todos os Harakatul-Mujahideen seus membros originais eram Tablighi. O outro grupo de que cai 7 suspeita de ter patrocinado é o Harakatul-Jihad-i Islami. Fundada no rescaldo da invasão soviética do Afeganistão, este grupo tem sido activa não apenas na província disputada indiana de Jammu e Caxemira, mas também no estado de Gujarat, onde extremistas Tablighi Jamaat assumiram talvez 80% das mesquitas executado anteriormente pela moderada Barelvi muçulmanos. 

Apesar de várias suspeitas sobre a verdadeira identidade e pretensão desse movimento islâmico, de ser a porta de entrada para o mundo do terror do radicalismo islâmico, que rejeita o ocidente e as políticas deste, e que essa ideia é denegada pelo movimento de que não constitui em si uma porta de entrada para o mundo do terror e da guerra contra as ideologias do ocidente. 

Eva Borreguero, não acredita que um grupo tão dedicado ao proselitismo de uma forma primitiva do Islão e da transformação espiritual interior podem coexistir com a sociedade moderna. Uma vez sendo um movimento fundamentalista em que a “manutenção e defesa dos princípios religiosos tradicionais e ortodoxos, como a infalibilidade dos textos sagrados e a sua aceitação como verdade fundamentais imprescindíveis para a formação de uma sociedade, o fundamentalismo islâmico apresenta um arquétipo político e não apenas como uma simples visão integrista da religião. Os fundamentalistas souberam transformar a lei islâmica num programa sistemático de ideias políticas e converteram-na numa verdadeira constituição ideológica”, (Almeida e Silva, 2010: 238-240). 

Contudo, isso faz ver que os movimentos fundamentalistas islâmicos rejeitam tudo o que é ocidental de forma a defender a origem islâmica e a impor sobre os outros, acreditando que o islão é o verdadeiro caminho para se chegar a Alá. O movimento islâmico Tablighi Jamaat sendo um movimento transnacional tenta estender os seus tentáculos ao mundo inteiro dessa forma, fazendo chegar a todo o globo as suas raízes de forma a manter os muçulmanos junto às suas tradições e de recrutar novos crentes para o islão. Com a chegada fácil ao continente Europeu e Americano depois de se generalizar no continente Asiático e no Médio Oriente, o movimento tem-se feito chegar ao continente Africano instalando primeiramente no norte de África, como por exemplo a Argélia onde se tornou um dos quatro grupos que fundou a Frente Islâmica de Salvação. 

Tablighi jamaat a sua constante presença em Cabo Verde 

Depois de forte presença no norte de África, o movimento tem vindo a ganhar terreno no continente Africano, mais concretamente na África Ocidental e a toda região Saheliana e este movimento acabou por penetrar em cabo verde. A febre do islão no norte de África e na África ocidental acabou por contagiar Cabo Verde, um país até pouco tempo sem contacto com o islão. 8 Cabo Verde é um estado laico, mas constituído por uma sociedade completamente cristianizada na sua maioria Cristãos católicos apostólicos romanos e protestantes. Entretanto o primeiro contacto que a população cabo-verdiana teve com o islão foi com a emigração. 

A forte presença de emigrantes oriundos de países vizinhos e não só, como Senegal, Nigéria, Líbia, Guiné-Bissau, Mauritânia, Líbano, onde o islão é fortemente sentido e a principal religião. O número de emigrantes destes países em Cabo Verde tem vindo a aumentar, através da livre circulação de pessoas e bens na zona de CEDEAO, e também através da emigração ilegal que tem estado a afectar Cabo Verde. Isso traduz num aumento da comunidade islâmica em Cabo Verde, também do matrimónio e a aderência de jovens caboverdianos que procuram novas experiências tem sido um dos factores também para o aumento desse flagelo em Cabo Verde.

Face a isso, a autoridade católica cabo-verdiana tem vindo a sentir algum receio devido ao forte ritmo que o islão vem ganhando em Cabo Verde, tendo o Bispo da Diocese de Santiago, Dom Arlindo Furtado, referido que a entrada em força do islão em Cabo Verde constitui um desafio para o país e para a Igreja Católica. Ainda o bispo disse perspectivar "grandes investimentos" na promoção do islamismo no único país católico da região oeste-africana onde o catolicismo era até aqui a religião professada pela grande maioria da população local.

Embora o islão ainda seja uma religião praticada especialmente por imigrantes africanos continentais e alguns asiáticos residentes nas ilhas, fontes da comunidade islâmica dizem haver mais de dois mil cabo-verdianos convertidos ao islão, embora esses dados não sejam confirmados pelo Imã Ahmadou Neka Tcham, representante máximo da comunidade islâmica em Cabo Verde, mas revela que os muçulmanos residentes em cabo verde são oriundos de 17 países incluindo nacionais cabo-verdianos. 

A questão de islamismo em Cabo Verde tem trazido preocupação não só a igreja católica como aos partidos políticos, como é o caso da UCID, um partido politico que se considere de 
ideologia cristã católica. Ele tem vindo a mostrar sua preocupação sobre esta questão e sobre o aumento adepto dessa religião. 

Para António Monteiro, presidente da UCID, Cabo Verde é um país maioritariamente cristão cujo raízes culturais e religiosa são judaico-cristã qualquer entrada de outra religião que possa influenciar a boa e sã convivência entre os cabo-verdianos deve preocupar as autoridades. Ele explica que a preocupação não é com a religião em si, uma vez que a constituição cabo-verdiana garante o direito à liberdade de religião e de culto, artigo 28º CRCV, mas sim com o fundamentalismo e extremismo que alguns seguidores expressam e que constitui problemas para qual o país não se encontra preparado para enfrentar. 

A UCID demonstrou a sua preocupação sobre a questão de construção de mesquitas, onde questionou como é possível num país com 500 mil habitantes 4.033 Km2, estar-se a falar na construção de 27 Mesquitas. António Monteiro considera isso preocupante e que o país deve precaver, deve estar à altura dos novos desafios e acima de tudo, e temos que continuar com a condição de país, maioritariamente cristão, para não entrarmos em contradição com a nossa própria história.

O outro factor que preocupa as autoridades nacionais e internacionais, é a entrada em cena do tablighi jamaat em Cabo Verde, que aproveita o forte crescimento da comunidade muçulmana para marcar terreno através da sua filosofia de pregação e propagação. A primeira missão desse movimento em cabo verde foi desenvolvida na cidade da Praia. A suspeita de que o movimento é uma entidade de recrutamento para as organizações terroristas, levou as entidades internacionais a alertar as autoridades cabo-verdianas sobre o perigo da presença do Tablighi Jamaat em Cabo Verde. 

A grande preocupação das autoridades internacionais, é a neutralidade com que a Tablighi Jamaat mantém junto dos movimentos Radicais islâmicos que faz assim recair suspeitas de que ela seja uma entidade de recrutamento para as organizações. A sua chegada a sahel, foi mais um motivo para que se levantasse suspeitas sobre a sua verdadeira intenção, uma vez que nos últimos anos vem-se tendo notícias da presença constante da Al Qaeda nessa zona. A questão que desassossega as autoridades nacionais, é o facto do islamismo parece ter chegado a Cabo Verde, com intento de estabelecer bases a organizações radicais que querem atingir a Europa. 

Segundo o serviço da informação da república (SIR) de Cabo Verde, há emigrantes de origem cabo-verdiana a integrar organizações ultra-radicais muçulmanas sediadas na Europa, cuja missão é recrutar jovens de diferentes nacionalidades para os campos de treino militar no Iémen – a base da Al Qaeda, (jornal asemana, cabo verde). 

serviço secreto norte-americano (CIA), já chamou a atenção das autoridades cabo-verdianas para o perigo da vulnerabilidade das ilhas poder permitir que células terroristas se instalem no país, também a Wikileaks na sua página, quando divulgou ficheiros secretos do departamento de defesa de Estados Unidos, expôs que a ex. embaixadora americana em Cabo Verde Maryanne Myles, e o ex-director da PJ portuguesa, Pedro do Carmo, trocavam informações sobre indícios de que a Al Qaeda e outros grupos terem células terroristas a operar nas ilhas. Essas suspeitas ganharam mais força e inquietou os serviços de segurança internacionais com a recente visita a Cabo Verde de um grupo de 11 elementos da facção radical islâmica Tablighi Jamaat – um com passaporte brasileiro e 10 de nacionalidade moçambicana. Embora o tablighi Jamaat demonstra ser uma organização pacífica, ela é referenciado como uma entidade recrutamento, daí, as suspeitas de um eventual envolvimento de cabo-verdianos, com organizações terroristas. 

Há ainda uma alegação de que as mesquitas existentes em Cabo Verde, mais concretamente na cidade da Praia estão a recrutar cidadãos estrangeiros e nacionais para a Gâmbia, de onde 10 partem para campos de treino da Al Qaeda no Iémen, e para o Norte de África, onde aprenderão tácticas terroristas utilizadas pela GIA, AQMI e o libanês Hezbollah. Contudo o que podemos apurar aqui é que Cabo Verde já não está alheio contra a guerra do terror, e que está cada vez mais perto disso, na medida em que o islão vem ganhando terreno no território nacional, pondo em perigo a própria sociedade Cabo-verdiana, uma vez que o país não se encontra preparado e nem estruturado para interagir com esse flagelo. 

O que não se sabe é se Cabo Verde é ou não país alvo, ou se é a porta de entrada para atingir a Europa e América. 

Um artigo publicado pela Jeune Afrique explica essa escolha com o facto de o nosso país ter sido colonizado por Portugal, logo com maiores possibilidades de nacionais entrarem em solo europeu via Lisboa. E também analisando o movimento Tablighi jamaat poderemos ver que o seu interesse em Cabo Verde, traduz uma certa suspeita sob esse suposto interesse, e nada de ingénuo, uma vez que de acordo com a secretas europeias e americanas a Al Qaeda está a tentar estender os seus tentáculos a esse pequeno país insular, que representa um estratégia de segurança e não só, mas também para o combate ao narcotráfico e terrorismo e segurança marítima no atlântico e que constitui como o principal aliado do ocidente em acções militares e humanitárias em África, devido a sua situação geográfica. 

O que leva a ver as pretensão de acções do Tablighi jamaat com grande receio, sobre as verdadeiras intenções desse movimento que se diz ser de carácter pacífico, mas que de um lado aparenta ser a porta de entrada para o radicalismo islâmico.

Por Hailton Alfama
Colaborador do Observatório de Segurança Humana, ISCSP-UTL
Janeiro 2012

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