Autoridades advertem que "é loucura" conceder às empresas patentes relacionadas ao leite materno, às células e aos fluidos
Logotipo da Nestlé Internacional em sua nova sede, em Nova Dheli, na Índia, em Novembro de 2012 (SAJJAD HUSSAIN/AFP/Getty Images)
Não é só a Monsanto que patenteia componentes da natureza, como as sementes, orientando os agricultores a comprar apenas as sementes certificadas, mas agora também a Nestlé está patenteando componentes do ser humano, como o leite materno e outros elementos do corpo.
A Organização Netzfrauen salientou que o fato de que os produtos naturais, sejam humanos ou vegetais, como as sementes de plantas, estejam sendo patenteados e tornem-se propriedade das grandes corporações é uma grande mudança de gestão, o que concede a elas seu poder e domínio.
Netzfrauen criticou o fato de que a Food and Drug Administration (FDA) define as células humanas como uma droga, a fim de que possam competir com produtos registrados.
“As pessoas têm suas células-tronco, seus tecidos e fluidos. Uma empresa que concede patentes que se relacionam com o leite materno é uma loucura “, destacou em seu relatório.
O ser humano tem esses produtos próprios para defender o organismo contra vírus, bactérias e outras doenças. O leite materno contém proteínas, lactose, carboidratos, triglicerídeos e gordura. Contém ácido oleico, que remove as células tumorais de gordura, bem como as gorduras insaturadas, destacou a organização.
Com a amamentação, que nos tempos modernos foi reduzida a seis meses e que no passado chegava a dois anos, os bebês se mantêm saudáveis até formar seu próprio sistema imunológico e defesas que perdurarão por toda a vida. Pediatras do mundo todo promovem o aleitamento materno como sendo vital para a saúde humana.
“Converter um produto humano como algo sob posse de uma patente é grotesco e nunca deve ser permitido. Os cientistas mal podem esperar para dizer que eles são donos da terra, do ar, da água e de tudo o que está ao seu alcance, então “descobriram” que o leite materno já não pertence à vida, mas é propriedade das empresas”, acrescentou a organização.
No mês de julho, a organização informou que há 2.000 patentes de componentes do leite, e detalhou o caso da Nestlé, contra a qual existe uma petição: “Nestlé, pare com as patentes de componentes do leite humano”, promovida pela nutricionista Valerie McLain, do Canadá, e a organização IBFAN (Rede International Baby Food Action).
A Netzfrauen também cita, com preocupação, que a empresa Prolacta Biosciences, da qual um dos diretores é Ernie Strapazon, da Nestlé, planeja coletar leite materno de hospitais e comprá-lo em parceria com outras empresas para comercializá-lo como uma droga no mercado, para os mesmos hospitais, disse a organização, de acordo com uma reportagem da BBC.
“A empresa também planeja realizar uma análise detalhada do leite materno. De acordo com estimativas preliminares, o leite materno contém cerca de 100 mil componentes diferentes. Até agora, os pesquisadores sabem de apenas alguns poucos deles “, acrescenta Netzfrauen. Em seu site, a Prolacta promove doações de leite materno “para arrecadar fundos para caridade e ajudar doentes e bebês prematuros.”
A Prolacta destaca, por sua vez, que o Sr. Strapazon “liderou um esforço pioneiro para estabelecer o negócio de nutrição infantil da Nestlé dos EUA”. Foi Presidente da Divisão de Nutrição Nestlé, e estava incumbido da “gestão de marca, planejamento estratégico global, inovação / renovação e administração geral.”
Venda de produtos paralelos
Paralelamente ao questionamento ético da certificação de produtos próprios do corpo humano, nas redes sociais e na Internet surgem negócios ilegais onde estes componentes são mencionados.
Em fóruns femininos difundidos na Internet, encontram-se publicidade de produtos descritos como patenteados e aprovados por algum Ministério da Saúde e que, supostamente, incluem componentes do leite materno “patenteado”.
Estes produtos vendidos em redes de comércio marginal são normalmente oferecidos para prevenir doenças como a depressão, a doença de Alzheimer, dor de cabeça e outros estados não normais, que podem ser evitados com uma dieta saudável, a partir de leite materno.
Fonte: http://www.epochtimes.com.br
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